O Triste fim da COBRA

A COBRA Computadores símbolo de uma época, criadora de Computadores, Hardware e Sistema Operacional foi destruída por Política Industrial equivocada, foi proibida pelo próprio Governo Brasileiro de Criar Tecnologia e virou representante de Tecnologia Estrangeira para servir ao Banco do Brasil.

O Entreguismo Tecnológico é evidente só não vê quem não quer ou tá ganhando dinheiro com Tecnologia Estrangeira.

Um desastre (!!) relatado no depoimento de Jorge Monteiro Fernandes:

 

 

 

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3. O SOX, Joint-Venture Brasil, China e Rússia: a Pressão Norte-Americana
De 1987 a 1990, trabalhava na Cobra Computadores e o seu presidente era Ivan da Costa Marques.

Assim que o SOX desenvolvido pela Cobra teve sua conformidade com UNIX, reconhecida formalmente pela instituição inglesa X-Open, a Academia de Ciências Russa, entrou em contato com a Cobra para que fosse transportado o SOX para máquina RISC desenvolvida por eles. Pois, face ao controle do fluxo tecnológico realizado
pelos USA, não tinham acesso à arquitetura Unix, a melhor àquele tempo.

Foi assinado Acordo entre a Academia Russa e a Cobra, dentro de um pré-existente que dava abrigo a aditivos. Por força desse Acordo foram recebidos na Cobra três desenvolvedores russos. No correr dos trabalhos, surgiu oportunidade de criar uma empresa tendo por sócios a Cobra, a Academia Russa e de uma empresa chinesa com o propósito comercializar o SOX no mercado internacional.

Entrou-se em contato com a Agência ABC do Ministério de Relações Exteriores – MRE e com o Serviço Nacional de Informações – SNI, os quais aprovaram a iniciativa. Durante o andamento do processo, Ivan, presidente da Cobra, informou-me que havia sido convidado pelo cônsul norte-americano para um almoço.

Conversamos ao telefone sobre o tema e lhe pedi que, após o encontro, me relatasse o ocorrido. Ivan, após a realização do almoço, informou-me:

– O cônsul declarou conhecer as ações em curso de criação da empresa internacional com os russos e os chineses e que o governo dos USA era contra; portanto, a iniciativa deveria ser abortada imediatamente; caso contrário iria atuar por outras vias.

De posse das informações passadas por Ivan, fui ao encontro do Gen. Ivan de Souza Mendes do SNI. Em reunião no Palácio do Planalto, relatei-lhe o almoço havido entre Ivan, presidente da Cobra, e o cônsul norte-americano, bem como o Acordo com a Rússia envolvendo o SOX e as negociações em curso de criação da empresa internacional
envolvendo também os chineses. Além disto, fiz alguns comentários sobre o controle do fluxo tecnológico feito pelo USA. Dei como exemplo a comercialização do computador Cobra 1.000, produto de origem norte-americana comercializado no Brasil sob licença, que carecia de autorização do Departamento de Estado Norte Americano para
concretizar a venda.

O Gen. Ivan ouviu tudo atentamente. Ao final pediu-me para que colocasse em documento o que lhe relatara inclusive o controle do fluxo tecnológico. Ao recebê-lo, o encaminharia ao Presidente Sarney.

Passado alguns dias, entreguei ao Gen. Ivan o documento solicitado. Ao recebê-lo, informou-me que me chamaria, assim que tivesse a posição do presidente Sarney. Passados alguns dias, fui ao Palácio do Planalto. Ao chegar, o Gen. Ivan comunicou-me que o presidente decidira “não afrontar os USA”, portanto, todas as ações em curso para a criação da empresa internacional deveriam ser encerradas. De forma irritada, manifestei o meu desagrado e disse lhe:

– Isto é um retrocesso, representa renuncia à soberania e prejudica o futuro do Brasil no setor de software. – Estou consciente disto, mas não temos a VI Frota!

Despedi-me agradecendo seu empenho. As ações de criação da empresa internacional foram abortadas. Perdeu-se excelente oportunidade de colocar no mercado internacional produto de ponta desenvolvido por brasileiros.


 

Nessa palestra do Jorge Fernandes, que ainda está vivo e pode testemunhar de corpo presente, onde ele relata como o projeto SOX, um sistema operacional da COBRA, isto é, do próprio estado brasileiro, foi descontinuado depois que a COBRA recebeu proposta dos governos da Rússia e da China para ser distribuído nestes países e globalmente.

Desde então a COBRA parou de desenvolver tecnologia própria e passou a ser distribuidora de produtos americanos para o Banco do Brasil que gasta centenas de milhões de Reais todo ano com sistemas operacionais e demais tecnologias importadas.

Apresento esse caso da Cobra há 20 anos, em todas as esferas empresariais e governamentais, nunca deram atenção alguma, apenas recentemente algumas poucas pessoas passaram a perceber o movimento de Entreguismo pelo qual o Brasil está sendo submetido.

Outro caso bem emblemática é a Urna de Votação Brasileira, outro símbolo de uma época gloriosa do Brasil, que era 100% Nacional, hoje é totalmente importada, cheia de caixas pretas e backdoors.

Imagino que a Urna seja uma forma de dominação e influência externa nas eleições brasileiras.

 

 

 

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Sobre Jairo Fonseca

Ativista Tecnológico desde 1995. Empresário de TI desde 1987. Analista de Sistemas com +40 anos de experiência.

3 Respostas

  1. Avatar de olavo leite olavo leite

    isso so vem demonstrar quem manda neste pais e os estados unidos, o mesmo acontecem com nossas ferrovias que o governo brasileiro deixou sucatear todas para que aqui fossem vendidos os caminhoes deles somos o unico pais no mundo com extensao continental que acabou com suas proprias ferrovias para beneficiar a industrias estrageiras de caminhoes, e um entreguismo doido.

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  2. Avatar de Val Val

    Poxa vida! Hoje lembrei-me da Cobra Computadores, acho que ficava na Av Angélica, lembro de ter ido lá uma vez, meu irmão (falecido) Mauro Moro trabalhou nessa empresa. Até apertou o coração por aqui 😦

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